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CESAR .
2022-06-15T00:00:00
Negócios
Transição da matriz energética: o futuro do setor de energia está aqui
Em 25 de setembro de 2015, os 193 Estados-membros da ONU aprovaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um plano que busca assegurar a prosperidade do planeta e da sociedade, composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Considerando o aumento das ameaças climáticas, os ODS se tornaram força-motriz para proteger o futuro e, entre os 18 objetivos, o ODS 7, nos traz a seguinte missão: garantir o acesso à energia limpa, acessível, segura, sustentável e moderna, e promover a transição da matriz energética.
O que é uma matriz energética?
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), matriz energética diz respeito ao conjunto de fontes de energia disponíveis em um país, estado ou planeta, capaz de suprir a demanda de energia. É importante destacar que esse conceito se difere de “matriz elétrica”, esta é formada pelo conjunto de fontes disponíveis apenas para a geração de energia elétrica. Dessa forma, é possível concluir que a matriz elétrica é parte da matriz energética.
O que é transição da matriz energética?
Esse movimento diz respeito à uma transformação no setor de energia global, na qual a produção e consumo de energia deixa de ser realizada a partir de combustíveis fósseis e passa a utilizar fontes renováveis de energia. Essa mudança de fontes de energia não renováveis, como petróleo, gás natural e carvão, para renováveis como eólica e solar, só é possível graças aos avanços tecnológicos e um impulso social em direção à sustentabilidade.
Outros fatores da transição são a crescente adoção de fontes renováveis no mix de suprimento de energia, o início da eletrificação e as melhorias no armazenamento de energia. Além disso, considerando as mudanças estruturais e permanentes na oferta, demanda e preços, a transição de energia também visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa relacionadas à energia por meio de várias formas de descarbonização.
O novo cenário da energia
A Agência Internacional de Energia prevê que a capacidade total de energia renovável do mundo aumentará 50% entre 2019 e 2024. Depois de anos sendo tratadas como um plano B dentro do setor, as fontes de energia renováveis se tornaram uma fonte de eletricidade poderosa e econômica. Quando a demanda por energia é menor, menos recursos naturais precisam ser utilizados e menores são os impactos socioeconômicos e ambientais.
Os custos de energia solar e eólica caíram tão drasticamente que, em algumas regiões dos EUA, bem como no Reino Unido e na Europa, a energia eólica se tornou mais barata que os recursos energéticos tradicionais de alto carbono. À medida que os custos continuam a cair e as fontes solar e eólica crescem em popularidade e aderência, o setor de energia renovável só continuará ampliando-se e irá se solidificar como uma forte oportunidade de investimento.
A tendência é que empresas geradoras de energia aposentem os ativos existentes que dependem do suprimento de combustíveis fósseis e construam outras formas de geração de energia.
Espera -se que o mercado de renováveis corporativas continue a crescer: a demanda já foi promovida por meio de iniciativas como a RE100Coalition, na qual grandes empresas se comprometeram a obter 100% de seu poder de fontes renováveis. Outra iniciativa é a Aliança de Compradores de Energia Renovável (REBA), lançada por mais de 300 empresas como o Facebook Inc., o Google LLC, a Walmart Inc. e a General Motors Co.
É preciso ter cautela no processo
Até o momento, toda a questão de sustentabilidade envolvida na transição da matriz energética pode levar alguém a acreditar que só há vantagens nessa mudança. Porém, a escala da construção de energia renovável pode intensificar a pressão sobre terras e águas de maneiras a afetar comunidades, ecossistemas e vida selvagem. Por isso, as preocupações sociais e ambientais relacionadas poderiam, por sua vez, diminuir a velocidade da transição para a energia limpa.
Mas, a boa notícia é que o mundo tem uma abundância de áreas com alto potencial de desenvolvimento de energia renovável e baixo valor de biodiversidade – muitas possuem mais do que o necessário para atender às metas climáticas globais. Os 10 países emissores mais altos têm áreas mais do que suficientes para que o desenvolvimento de energia renovável possa tornar os ativos da terra produtiva novamente, apoiar a comunidade, seu desenvolvimento econômico e fornecer novos fluxos de receita para os proprietários de terras.
Como o Brasil usa fontes sustentáveis?
Devido à suas privilegiadas características geográficas, o Brasil tem vocação natural para ser líder na transição da matriz energética que o mundo vivencia. Porém, esse cenário ainda está em construção: de acordo com o Balanço Energético Nacional 2020, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a matriz energética brasileira se baseia em 46,1% de fontes renováveis e 53,9% de fontes não renováveis.
O relatório indica, ainda, um panorama positivo: entre 2018 e 2019 houve um aumento de 2,8% na oferta interna de energia advinda de fontes renováveis, enquanto as não renováveis cresceram apenas 0,2%.
Na Edição de maio de 2022 da Revista Conjuntura Econômica, Fernanda Delgado, diretora executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e Raquel Filgueiras, economista sênior do IBP, contam que o Brasil está em uma posição relativamente confortável em relação a outros países, já que se encontra muito próximo do perfil almejado para a matriz global na próxima década.
“Enquanto o cenário mais auspicioso da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) desenha que as renováveis devem compor 30% da matriz mundial em 2030, o Brasil tem hoje 48% de sua matriz energética abastecida por fontes renováveis, ante uma média global que figura na casa dos 14%. No caso da matriz elétrica, essa diferença é ainda mais significativa: 85% da matriz elétrica brasileira é composta por energias renováveis, enquanto a participação de renováveis na geração elétrica mundial foi de, aproximadamente, 30%” – afirma Delgado.
No Brasil algumas medidas foram pensadas para atender à transição para fontes renováveis, um exemplo é o Programa de Eficiência Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que busca promover a transformação do mercado de eficiência energética, estimulando o desenvolvimento de novas tecnologias e a criação de hábitos e práticas racionais de uso da energia elétrica.
5D: Iniciativas para impulsionar a transição no país
Para que a transição ocorra de forma ainda mais eficiente, é preciso implementar e investir em algumas ações internacionalmente chamadas de 3Ds da transição da matriz energética. Porém, considerando as características socioeconômicas do país, alguns especialistas acreditam que seria necessária adoção de mais duas ações, totalizando, assim 5Ds:
O primeiro D diz respeito à descarbonização da matriz, que envolve a substituição das fontes poluidoras por opções com menores emissões ou nulas.
O segundo D representa a descentralização do fornecimento de energia, tirando de grandes centros ou setores a posse de todo o processo.
O terceiro D equivale à digitalização que precisa alcançar o setor de energia para que os processos se tornem mais rápidos e eficientes.
O quarto D se refere ao desenho de mercado, necessário para ampliar as negociações, trazendo novos investimentos e mais competitividade.
Por fim, o quinto D diz respeito à democratização (com redução da desigualdade) voltada para trazer maiores oportunidades para a indústria, empreendedores e população de baixa renda, contribuindo para uma maior expansão das atividades econômicas e do bem-estar.
Como o CESAR atua no setor de energia
O que fazemos entre agora e 2030 determinará o futuro. A transição já é uma realidade e o planejamento é necessário. O mundo precisa trabalhar pela melhor regulação, maiores investimentos, pesquisa e qualificação. A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) apoia, por meio de linhas de crédito, projetos de inovação que reúnem Unidades Embrapii, empresas e startups para o desenvolvimento de diferentes rotas de uso de novas fontes de energia como, por exemplo, produção de biocombustível a partir de algas.
O CESAR é uma unidade credenciada Embrapii e, por meio da inovação aberta, também atua em rede com parceiros e startups no desenvolvimento de soluções inteligentes, robustas e escaláveis capazes de atender às necessidades das empresas.
Além do credenciamento Embrapii, o CESAR é apto a atuar em projetos com recursos da Agência Nacional de Energia Elétrica e da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, tendo respaldo para cumprimento das exigências necessárias de execução e controle de projetos que visam promover e viabilizar o ciclo completo da cadeia de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).