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CESAR .
2023-07-21T00:00:00
Tecnologia
Riscos de segurança na computação em nuvem e estratégias para combatê-los
Por Victor Raffael Lins Carlota, Staff Software Engineer no CESAR.
A computação em nuvem revolucionou a forma como as organizações armazenam, processam e compartilham dados, oferecendo benefícios como escalabilidade e eficiência, a adoção da computação em nuvem continua a crescer exponencialmente em todo o mundo.
À medida que as organizações avançam em direção à sua estratégia de transformação digital e adotam ferramentas e serviços baseados na nuvem como parte fundamental de sua infraestrutura, é imperativo entender os desafios e implementar estratégias eficazes para mitigar os riscos associados.
Afinal, ainda que a computação em nuvem possibilite grandes benefícios, problemas relacionados à segurança em um contexto de cloud podem ter impactos negativos significativos para um negócio. Isso inclui perda de dados, interrupção dos serviços, danos à reputação, custos financeiros e perda de competitividade.
Pensando nisto, neste artigo, abordaremos três desafios de segurança:
- Gerenciamento de identidade e acesso;
- Proteção de dados;
- Monitoramento e detecção de ameaças;
Também vamos compartilhar as melhores práticas para fortalecer a segurança em ambientes de nuvem.
Gerenciamento de identidade e acesso
À medida que mais organizações adotam a computação em nuvem para armazenar e acessar seus dados e aplicativos, a necessidade de proteger essas informações contra ameaças cibernéticas aumenta significativamente.
Nesse contexto, o gerenciamento de identidade e acesso (IAM) tornou-se fundamental para as estratégias de segurança cibernética. Embora as políticas, processos e tecnologias possam diferir entre organizações, o objetivo de qualquer iniciativa de IAM é garantir que apenas usuários e serviços autorizados acessem os recursos e dados na nuvem em um determinado período de tempo.
Como combater?
Uma abordagem eficaz neste tópico envolve a implementação de práticas como autenticação multifator, que é um método de segurança que busca confirmar a identidade de alguém utilizando dois ou mais elementos de verificação.
Por exemplo, além de digitar a senha, pode ser necessário fornecer um código temporário enviado para o celular, escanear uma impressão digital, tirar uma foto do rosto ou usar outro tipo de informação pessoal exclusiva.
Outra opção é o uso de ferramentas de CAPTCHA, que representa uma medida eficaz de proteção contra robôs automatizados e prevenção de ataques de força bruta, desempenhando um papel importante na defesa contra atividades maliciosas.
O CAPTCHA (Completely Automated Public Turing test to tell Computers and Humans Apart) refere-se a vários métodos de autenticação que validam usuários como humanos, e não robôs, apresentando testes aos usuários com um desafio que é simples para humanos, mas difícil para máquinas.
Além dos pontos acima citados, é importante que a gestão de identidade seja centralizada e bem organizada, permitindo controlar quem tem acesso a quais recursos, tarefa que envolve atribuições como adicionar ou remover usuários de forma eficiente, gerenciar senhas e definir políticas para as contas ao longo do tempo.
É relevante estabelecer políticas granulares de acesso, atribuindo permissões adequadas com base nas responsabilidades e necessidades dos usuários. Ou seja, cada pessoa recebe permissões específicas com base em sua função ou tarefa.
Ao adotar práticas sólidas de gerenciamento de identidade e acesso, as organizações podem fortalecer a segurança na computação em nuvem, garantindo a integridade e a confidencialidade dos dados, além de reduzir o risco de acessos não autorizados ou abusos de privilégios.
Proteção de dados
Os dados têm um valor extraordinário para as organizações. Eles são considerados ativos de extrema importância, capazes de fornecer insights estratégicos, impulsionar decisões fundamentadas e oferecer uma vantagem competitiva significativa.
Com a crescente adoção da computação em nuvem, onde os dados são armazenados, processados e acessados remotamente, é essencial implementar medidas robustas para proteger essas informações contra ameaças e violações de segurança.
Nesse contexto, a proteção de dados desempenha um papel crítico. É fundamental assegurar a confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados armazenados na nuvem, além de assegurar a conformidade com as regulamentações de privacidade.
Como combater?
Ao lidar com erros e exceções nos sistemas desenvolvidos, é recomendado evitar a exibição de mensagens detalhadas que possam fornecer informações sensíveis sobre a estrutura do banco de dados ou outras partes do sistema.
É relevante também evitar expor detalhes sobre as tecnologias específicas utilizadas na infraestrutura da nuvem, como versões de software ou configurações específicas. Essas informações podem ser exploradas por invasores para identificar vulnerabilidades e lançar ataques direcionados.
Aplicar a criptografia dos dados em repouso e em trânsito é indicado para garantir proteção contra acesso não autorizado. A criptografia de dados em repouso protege informações quando estão armazenadas, enquanto a criptografia de dados em trânsito protege informações durante a sua transmissão entre dispositivos.
A utilização do protocolo HTTPS (Hypertext Transfer Protocol Secure) em vez do HTTP (Hypertext Transfer Protocol) é fundamental para proteger a comunicação entre os usuários e os servidores em nuvem. O HTTPS utiliza criptografia para garantir que os dados transmitidos sejam confidenciais e não sejam interceptados por invasores.
Um outro elemento importante na proteção de dados é a classificação de dados, que envolve identificar e categorizar os dados com base em seu nível de sensibilidade. Isso permite aplicar controles de segurança adequados, direcionando recursos de proteção de forma proporcional ao valor e à criticidade dos dados.
Além disso, é crucial ter um plano de recuperação de desastres em vigor, que define os procedimentos e as estratégias para lidar com a perda de dados, interrupções de serviço e outros incidentes que possam afetar a disponibilidade dos recursos na nuvem. Esse processo inclui a realização de backups regulares, a replicação dos dados em locais geograficamente diferentes e a preparação para a recuperação rápida em caso de desastre.
As organizações devem aderir às regulamentações específicas do setor, como Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e General Data Protection Regulation (GDPR), implementando medidas de segurança adequadas. A conformidade regulatória na computação em nuvem é essencial para garantir a proteção de dados e a privacidade dos usuários.
Ao adotar medidas de proteção de dados e implementar um plano de recuperação de desastres sólido, as organizações podem fortalecer a segurança na computação em nuvem, garantindo a confidencialidade, a integridade e a disponibilidade dos dados críticos, além de estarem preparadas para enfrentar eventos adversos e minimizar o impacto em suas operações.
Monitoramento e detecção de ameaças
A capacidade de identificar e responder prontamente a incidentes de segurança é crucial para a continuidade dos negócios e a proteção dos ativos da organização.
Por exemplo, a demora injustificada na comunicação de um incidente de segurança que possa causar risco ou dano relevante à dados pessoais pode sujeitar os responsáveis às sanções administrativas previstas na LGPD e GDPR.
Nesse contexto, o monitoramento e a detecção de ameaças emergem como componentes críticos da estratégia de cibersegurança. É essencial ter visibilidade contínua sobre os ambientes em nuvem para identificar atividades suspeitas ou maliciosas, visando mitigar riscos e fortalecer a resiliência das organizações em um mundo digital cada vez mais ameaçador.
Como combater?
Para alcançar esse objetivo, é possível utilizar ferramentas de monitoramento de segurança que coletam e analisam dados de log, tráfego de rede e comportamento do sistema. Essa abordagem permite a detecção precoce de ameaças, como malwares (Vírus, Worms, Trojans, Ransomware e Spyware), ataques de negação de serviço (DoS), etc, possibilitando uma resposta rápida e a minimização dos danos causados.
Um incidente de segurança é um evento indesejado ou uma atividade suspeita que indica uma violação ou ameaça à segurança dos sistemas, redes ou dados de uma organização. Por exemplo, ataques de ransomware, que é um tipo de malware que criptografa os arquivos em um sistema e exige um resgate em troca da chave de descriptografia.
Por isso, ter um plano de resposta a incidentes estabelecido possibilita uma ação imediata em caso de violação de segurança. Isso inclui a notificação de partes relevantes, isolamento de sistemas comprometidos e restauração de backups seguros.
Implemente uma estratégia proativa e integrada à cibersegurança
Possuir um planejamento e um processo proativo e integrado à cibersegurança, sob a perspectiva de negócios, envolve a implementação de medidas preventivas para proteger informações críticas e garantir a continuidade das operações.
Ter uma estratégia para prevenir violações de dados e outros incidentes, demonstra aos clientes, parceiros e partes interessadas o compromisso de uma organização em proteger suas informações, fortalecendo, com isso, a confiança das partes envolvidas, que se sentem mais seguras ao compartilhar informações e fazer negócios com a empresa.
Ao cumprir as regulamentações de proteção de dados e privacidade, as organizações evitam multas e penalidades legais, bem como danos à reputação decorrentes de violações de conformidade.
Uma estratégia proativa também prioriza a recuperação rápida de sistemas e serviços após um
incidente de segurança. Isso é alcançado por meio de práticas como backups regulares, capacidade de restauração de dados e sistemas, e testes de recuperação para garantir que os processos sejam eficazes. Com isso, os impactos negativos no tempo de inatividade são minimizados, permitindo uma retomada mais rápida das operações essenciais.
Ao abordar esses desafios de segurança de forma proativa, as organizações podem aproveitar ao máximo os benefícios da computação em nuvem, garantindo a confidencialidade, integridade e disponibilidade de seus dados e sistemas.