Uma solução possível para superar obstáculos no ensino da programação consiste em desenvolver atividades unplugged que têm como objetivo ensinar os conteúdos de forma lúdica e divertida. Mas, o que são atividades unplugged? São dinâmicas inovadoras que visam ensinar computação sem fazer uso de nenhum recurso digital. Esta é uma das várias práticas adotadas para facilitar e desmistificar o ensino da programação, porém sem fazer uso de computadores ou de qualquer meio digital. E porque faz sentido ensinar programação sem computador? O uso de práticas não conectadas, além de promover a motivação dos alunos, melhora a fluidez no momento de aprofundar os assuntos de maneira mais técnica, podendo também motivar através da competição saudável e promover um estudo autônomo. Nas aulas onde vivenciamos o uso dessa prática, foi possível perceber também a valorização do trabalho em equipe e a prática da auto avaliação e feedback.
A prática de atividades unplugged é a fórmula perfeita para o ensino da programação?Infelizmente não. Como ainda não existe um algoritmo para solucionar todos os problemas mencionados anteriormente, temos que nos apropriar de diversas práticas, fazer uma junção delas e adaptá-las para cada contexto. Com toda a quantidade de variáveis que o educador (facilitador) se depara e inúmeras sugestões e ferramentas que estão sendo criadas, é quase impossível não querer fazer um mix de práticas exclusivo para cada indivíduo. Isso mesmo, um mix especial para cada um, visando respeitar o tempo de aprendizado que cada pessoa possui, bem como suas habilidades, limitações, experiências pessoais e forma de estudar.
Como é possível o ensino personalizado em uma sala de aula com mais de 45 pessoas, por exemplo? Essa é uma daquelas “perguntas de um milhão de dólares” e nós ainda não sabemos a resposta exata, embora alguns caminhos, tais como momentos para feedback, tutoria entre os estudantes, uso de jogos e aprendizado baseado em projetos sejam apontados como possíveis respostas à pergunta milionária.
Como unir, na prática, as práticas unplugged e o ensino mais personalizado de forma a proporcionar o melhor ambiente de aprendizado? Uma das nossas experiências foi começar as primeiras aulas elencando quais assuntos iriam ser estudados no primeiro semestre; feito isto, os alunos separados em grupos desenvolveram práticas unplugged para explicar o assunto escolhido por eles. Inicialmente não fizeram nenhuma correlação com aspectos computacionais, mas sim com assuntos do seu cotidiano e contexto, de outras disciplinas, ou qualquer outro assunto que lhes interessasse. É importante mencionar que deixá-los escolher o que e como estudar despertou nos alunos um maior senso de responsabilidade e motivação, pois além de fazerem parte da construção da aula, estávamos falando de assuntos do interesse deles. Permitir que os estudantes tivessem o primeiro contato com todos os assuntos de maneira lúdica, garantiu a eles um conhecimento prévio, sem falar na diversão que eles próprios promoviam nas aulas. As práticas Unplugged garantem que exista um ambiente favorável a erros, pois não prejudicam o entendimento básico dos conteúdos, enquanto que, nas dinâmicas conectadas, os estudantes têm medo de escrever um código errado ou executar um algoritmo incorreto. Por fim, nesta prática os conteúdos abordados foram: Variáveis e tipos de dados; Algoritmos e tipos de dados, Linguagens e leitores; e Estrutura condicional.
Considerando os desafios do ensino da programação na educação básica tanto para os estudantes quanto para os professores, é notório esperar que os educadores busquem soluções e diferentes formas de superar esses obstáculos. Essas soluções surgem através de dinâmicas inovadoras, tais como as atividades unplugged e o ensino personalizado visando a criação de um ambiente de aprendizado mais adequado às necessidades de cada um. Vale ressaltar também, que a criação dessas dinâmicas inovadoras deve envolver o principal público alvo: Os estudantes. Assim como, também vale ressaltar que muitas vezes, a melhor solução não está apenas em uma metodologia específica, mas sim em uma junção de diversos métodos que, quando unidos, permitirão a criação deste tão sonhado ambiente de aprendizado mais adequado e universal.
Danielle Gomes, é apaixonada por educação e também adora aprender e ensinar. Ela cursou Licenciatura em Computação na UFRPE, possui Mestrado em Inteligência Artificial pela UFPE e atualmente, faz Pós-Graduação em Internet of Things — IoT na Faculdade CESAR. Colaboradora do CESAR, ensina no Curso Programação na Escola Técnica Estadual Cícero Dias (NAVE), onde trabalha diretamente com o desenvolvimento de jogos e aplicativos. Danielle está sempre interessada em novas metodologias de ensino, tecnologia e linguagens de programação, e há 3 anos, faz pesquisas sobre práticas metodológicas do ensino da programação em diversos contextos.