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CESAR .
2017-08-25T00:00:00
Educação
Os desafios da inovação educativa
por Americo Mattar
O modelo de ensino tradicional mostra-se cada vez menos eficaz para a sociedade de hoje. Adotar, incentivar e compartilhar práticas inovadoras é fundamental para transformar a educação e construir o futuro que queremos.
A necessidade de buscar transformações que melhorem a qualidade da educação brasileira já é uma realidade, porém, o caminho que leva até a inovação educativa ainda é um grande desafio para escolas e educadores em todo o país. O modelo de ensino estabelecido hoje ainda é aquele decorrente do século passado, voltado para um ambiente pouco dinâmico, e parte desse problema passa pela dificuldade do ensino tradicional em dialogar com esta nova geração de estudantes questionadores, conectados e repletos de expectativas.
As consequências são estudantes sem motivação, com defasagem entre idade e série, altos índices de repetência, e evasão escolar. Em 2013, um levantamento da ONG Todos Pela Educação indicou que quase metade dos jovens brasileiros não concluiu o ensino médio na idade adequada, e menos de dois em cada dez alunos de 17 anos têm conhecimentos básicos relacionados à interpretação de texto e ao raciocínio lógico-matemático.
Diante de um cenário de mudanças e constantes inovações tecnológicas, a pergunta que nos fazemos a todo o momento é: Será que esse modelo ainda faz sentido em uma sociedade repleta de caminhos profissionais e inesgotáveis fontes de conhecimento?
Na realidade de hoje, as competências que pautam uma educação de qualidade devem ir além de habilidades intelectuais, valorizando a formação integral do indivíduo. Tudo precisa ser pensado para que os estudantes sejam protagonistas de sua história, influenciando positivamente o desenvolvimento humano e sustentável do país.
Novos caminhos, novas mentalidades
A inovação educativa transformou a Escola Municipal Manoel Domingos de Melo, na zona rural do município pernambucano de Vitória de Santo Antão, a 50 quilômetros de Recife, em referência em educação no Brasil.
Por meio da parceria entre a Secretaria de Educação, a Fundação Telefônica Vivo e a Qualcomm, a Manoel Domingos passou a integrar o Programa Inova Escola e a contar com conexão de alta qualidade e tablets, possibilitando aos estudantes vivenciar a cultura maker e experimentar novas aprendizagens como robótica, produção audiovisual e programação, além da participação em feiras de tecnologias.
A escola também trabalha com o acompanhamento online e presencial de educadores, onde o CESAR atua como parceiro, apoiando na formação em cultura digital e na aprendizagem por meio de projetos com base na curiosidade e no interesse dos alunos.
A gestão da Manoel Domingos transformou as relações entre estudantes e professores, aproximou a escola da comunidade e mostrou que inovar na educação vai além de inserir ferramentas tecnológicas em sala de aula. Foi preciso voltar os olhares para dentro, inserindo novas práticas e metodologias no currículo escolar, de modo que fizessem sentido naquela realidade e tornassem o processo de aprendizagem mais inclusivo e eficiente, ampliando o interesse dos estudantes.
Boas Práticas
As possibilidades de inovação são diversas e não há fórmulas prontas quando se trata de educação. Muitas escolas estão traçando os próprios caminhos e chegando a soluções bem diferentes umas das outras.
Para entender melhor como os processos acontecem na prática, passamos a acompanhar de perto experiências inovadoras como a da Escola Manoel Domingos, em diversos outros lugares do Brasil e do mundo.
Nas instituições pesquisadas para o livro Inova Escola, que reúne experiências transformadoras de ensino consideradas referências na inovação educacional, notamos que algumas temáticas eram comuns em muitas das escolas, tais como: Personalização do estudo; apoio ao projeto de vida do aluno; redefinição do papel do professor; recursos tecnológicos como ferramentas de aprendizagem; espaços diferenciados de ensino e gestão inovadora.
O livro é apenas um exemplo de que boas práticas trazem bons resultados e mostra que todos os projetos de educação devem passar pela inovação na aprendizagem, rompendo as barreiras do ensino tradicional e permitindo uma educação mais disruptiva e alinhada com as competências do século XXI. Só assim, seremos capazes de elevar o nível educacional do País e formar cidadãos conscientes de seu papel no mundo.
Americo Mattar, diretor presidente da Fundação Telefônica Vivo, é engenheiro de Produção, e também possui formação em Comércio Exterior e especialização em Gestão de Projetos pela USP e Gestão Empresarial pela FGV. À frente da Fundação, seu foco é promover o protagonismo social por meio da inovação educativa aplicada a novas metodologias de ensino-aprendizagem, ao empreendedorismo jovem e ao exercício da cidadania.
A Fundação Telefônica Vivo acredita que pessoas e instituições, juntas, podem transformar o futuro, tornando-o mais generoso, inclusivo e justo. Atuante no Brasil há 17 anos, utiliza tecnologias de forma inovadora para potencializar a aprendizagem e o conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento integral do indivíduo.