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CESAR .
2021-03-01T00:00:00
Tecnologia
Mais do que plataformas tecnológicas, Pix e Open Banking oferecem oportunidades nas áreas de negócios e inovação
Liberdade para escolher o produto mais adequado para suas necessidades coloca o consumidor no centro das atenções, afirmam especialistas durante encontro virtual organizado pelo Porto Digital, CESAR, centro de inovação e parceiros.
Organizado na quinta-feira (25/02) pelo Porto Digital, CESAR, Softex Recife, parceiros do ecossistema de Tecnologia e Inovação e com a participação do Banco Central, o encontro virtual intitulado “Pix e Open Banking – Desafios e oportunidades para o sistema financeiro” reuniu especialistas do mercado e discutiu o impacto que estas plataformas tecnológicas devem trazer ao sistema financeiro e à economia como um todo. A conclusão é de que mais do que agilizar os meios de pagamento e democratizar o acesso de pessoas físicas e jurídicas neste mercado, o Pix e o Open Banking também são canais capazes de oferecer oportunidades para quem atua com inovação e com criação de novos negócios nos mais diferentes setores.
“O Open Banking é uma plataforma que oferece muito mais do que portabilidade. Há uma série de iniciativas e arquiteturas inovadoras que o pessoal especializado está aplicando de forma arrojada”, comentou Marcos Carnut, CTO da Zero Bank, completando. “O Pix, apesar de sua rapidez, pode se tornar ainda mais ágil e funcional, se for aplicada a tecnologia de blockchain, usada nas criptomoedas”. O chefe do Departamento de Regulação do Banco Central, João André Calvino Marques Pereira, concordou. “O Open Banking é como uma grande tubulação onde passa toda a comunicação entre as instituições envolvidas. E justamente por isso, ali há espaço para a criação de novos negócios, sem sombra de dúvidas”.
O diretor de regulação do Banco Central, Otávio Damaso comentou que várias empresas estão se preparando para atuar no ambiente do Open Banking, mas frisou que é preciso ficar atento à evolução desse mercado. “Cabe aos profissionais da área de inovação e aos estudantes observarem as oportunidades e desenvolverem novas técnicas, aplicativos e novos negócios”, disse. Um dos segmentos que demanda atenção e pode gerar grandes oportunidades é o de segurança. Damasio lembrou que o sistema financeiro investe muito para afastar riscos de incidentes.
O Pix foi lançado no ano passado e vem revolucionando os meios de pagamento por causa de sua simplicidade e agilidade. Por meio dele é possível fazer um pagamento em qualquer dia e horário, inclusive sábados, domingos e feriados. E o valor pago cai na conta quase que imediatamente. Já o Open Banking, que será lançado agora em março, é uma plataforma que vai integrar mais de 600 instituições financeiras entre bancos, fintechs, cooperativas de crédito, corretoras, financeiras, entre outras empresas do setor.
É considerado revolucionário porque permitirá que o consumidor tenha acesso a produtos e serviços de qualquer instituição. Hoje, ele é praticamente refém do banco onde tem conta. A liberdade para escolher o produto mais adequado para suas necessidades coloca o consumidor no centro das atenções. A expectativa, com isso, é que haja redução de taxas e outros custos embutidos numa abertura de conta corrente, por exemplo, ou em um pedido de empréstimo por causa da concorrência que o sistema vai gerar.
Mercado
Responsável pela área de produto da Acqio, uma fintech especializada em meios de pagamento, Gustavo de Andrade fez uma apresentação sobre a evolução do setor. Ele informou que em 2020 o Brasil tinha aproximadamente 9 milhões de estabelecimentos comerciais e 254 milhões de cartões (débito e crédito). Até 2010, só havia duas operadoras de cartões autorizadas a operar. Isso foi flexibilizado e hoje há cerca de 20 adquirentes e mais de 100 empresas que podem atender aos lojistas da mesma forma que as duas operadoras atendiam. “Mas o grande salto veio em 2020 com a implantação do Pix e outra evolução está começando com o Open Banking”, disse.
Nesse processo de evolução, as fintechs voltadas ao setor de pagamentos como a Acqio parecem ter assumido o protagonismo. O chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, Ângelo Duarte, afirmou que muitas fintechs entraram no mercado através do setor de meios de pagamentos e só depois passaram a oferecer outros produtos e serviços como crédito, distribuição de produtos de investimentos e outros. “O papel do Banco Central como regulador é permitir que essas forças atuem no mercado. A regulação tem de dar conta dessas inovações”.
Essa oferta de novos produtos e serviços está dentro do que os especialistas falam sobre aproveitar as oportunidades que surgem. A Pague Bem Brasil é outro exemplo de fintech que encontrou seu espaço em um nicho do mercado e que deverá explorar bem as lacunas ainda existentes no Open Banking. Ela atua em um nicho que é grande gerador de dor de cabeça para os bancos e demais instituições financeiras, a inadimplência. “Começamos em 2017 e de lá para cá crescemos cerca de 475%. Atendemos no segmento B2B, que sofre com esse problema e nosso trabalho cresceu muito durante a pandemia”, explicou o CEO da fintech, Álvaro Leal. Mas a Pague Bem Brasil não se limitou a isso. Com a chegada do Pix e consciente de que o novo sistema ainda levará um tempo para se tornar hegemônico, a empresa criou um documento híbrido para pagamento. Nele há o QR Code do Pix e o código de barras para pagamento como se fosse boleto.
Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, um dos principais parques tecnológicos do Brasil localizado em Recife-PE, elogiou a abertura de mercado proporcionada pelo Banco Central nos últimos anos e a iniciativa de implantação do Pix e do Open Banking. “Tudo isso representa uma mudança revolucionária que mexe positivamente com o mercado bancário. O Open Banking, que está chegando agora, facilitará a vida de todo o mundo e trará novidades difíceis de imaginar hoje”. Também participaram do evento a gerente de Negócios do CESAR, Verônica Bersani, o presidente do Softex Recife, Yves Nogueira, e o CDO do CESAR, Eduardo Peixoto.