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2022-08-11T00:00:00

Tecnologia


Finanças descentralizadas (DeFi) e seu impacto no sistema financeiro tradicional

Com a crescente consolidação da Blockchain e todas as possibilidades que essa tecnologia habilita, novos negócios têm ganhado impulso e transformado a economia e a sociedade. Um grande exemplo são as finanças descentralizadas. Esta indústria emergente promete revolucionar o setor financeiro, tornando- se uma alternativa estratégica ao sistema tradicional dos dias atuais.

Entre os principais fatores por trás do debate sobre “finanças descentralizadas x finanças tradicionais” discute-se a crescente demanda por sistemas financeiros abertos, com transparência e segurança. Além disso, muito se fala também sobre a necessidade de soluções financeiras  que não estejam sob controle regulatório governamental.

Sem dúvida, o DeFi é a nova fronteira pois, além dessa liberdade e transparência, ainda permite que milhões de pessoas que não têm acesso aos sistemas financeiros tradicionais, por diferentes razões, possam gerenciar suas finanças e transações com outras pessoas.  Globalmente, mais de 1,7 milhões de pessoas não têm acesso a contas bancárias, espera-se, portanto, que a descentralização promova oportunidades iguais e crescimento econômico sem precedentes.

O que é DeFi?

As finanças descentralizadas dizem respeito à construção de produtos e serviços financeiros, como empréstimos, transferências e sistemas de pagamento, que “rodam” em um software construído em uma blockchain pública, com o objetivo de promover ou aprimorar o desenvolvimento de um sistema financeiro aberto.

A DeFi representa uma alternativa às instituições governadas centralmente, como os bancos, que historicamente atuaram como intermediários financeiros. Consequentemente, as finanças descentralizadas oferecem um conjunto de ferramentas progressivas e ágeis para dar controle aos usuários, somadas à redução de riscos operacionais, tornando-as substitutas ideais para o sistema financeiro atual.

Qual é a infraestrutura das finanças descentralizadas?

Blockchain: A espinha dorsal para operações Defi é uma Blockchain que permite transações com dados compartilhados e com várias suposições pré-estabelecidas. Esses dados são embalados em “blocos” e criptograficamente “encadeados”, permitindo uma auditoria do histórico de transações.

Criptomoedas: A aplicação mais popular do Blockchain é a criptomoeda, que é um token protegido, citado e transferido criptograficamente (levando em consideração que os objetos digitais são facilmente copiáveis) e é essa escassez que garante seu valor. Como Eric Schmidt, ex-CEO do Google, disse “o Bitcoin é uma conquista criptográfica notável, uma vez que a capacidade de criar algo que não é duplicável no mundo digital tem um valor enorme”.

Aplicações descentralizadas – dAPPs: São aplicativos de software semelhantes aos tradicionais, contudo, trabalham em plataformas de contratos inteligentes. As principais vantagens são a ausência de licenças e a independência com a qual eles operam (sem a intervenção de entidades de controle). As dAPPS podem ser desenvolvidas/usadas por qualquer pessoa com um dispositivo eletrônico e acesso à Internet.

Contratos inteligentes: São plataformas que vão além de uma rede de pagamento simples (como o Bitcoin) e permitem a criação de regras para qualquer tipo de transação e podem até criar ativos escassos com funcionalidades específicas. Diversas cláusulas dos acordos comerciais tradicionais poderiam ser transferidas para contratos inteligentes, que não apenas listam, como também aplicam algoritmicamente essas cláusulas (tornando obsoletas uma série de entidades que atualmente endossam transações manualmente, como: notários, registradores de propriedades, advogados que certificam procedimentos públicos, etc.).

Entenda as principais diferenças

Os conceitos descentralizados e tradicionais divergem principalmente em dois pontos:

Garantidores – Nas finanças descentralizadas, uma blockchain pública atua como fonte de confiança, administrando todas as operações no setor financeiro. Já nas finanças tradicionais, quem atua como fonte de confiança é o Governo, ao implicar leis e validar instituições financeiras licenciadas.

Barreiras – As finanças descentralizadas possuem um funcionamento mais aberto e transparente que as finanças tradicionais. A falta de barreiras significa que pessoas com habilidades de programação podem participar da construção de serviços e ferramentas financeiras sobre blockchains públicas. Por outro lado, o sistema tradicional é repleto de barreiras, como a necessidade de obter licenças e autorizações das entidades públicas.

Enquanto o sistema financeiro tradicional funciona em uma plataforma centralizada, controlada por agências governamentais e intermediários de todos os tipos, a DeFi trabalha de acordo com um protocolo que é executado em uma infraestrutura descentralizada alimentada pela blockchain (principalmente Ethereum). Consequentemente, os programadores podem desenvolver plataformas financeiras personalizadas, eficientes e seguras, abertas a qualquer pessoa com acesso a um computador e conexão à Internet.

Finanças descentralizadas

Por que as finanças descentralizadas se destacam?

A DeFi combate diretamente um dos maiores fardos do sistema financeiro atual: a burocracia. O uso de tecnologias digitais em blockchain tornou possível que as pessoas ganhem controle total de seus ativos e seus dados financeiros pessoais. O fato de as tecnologias de blockchain serem acessíveis e transparentes pode tornar a emissão de empréstimos, pagamentos e termos financeiros facilmente compreensíveis tanto por máquinas, quanto por seres humanos.

O uso de código-fonte aberto e ferramentas de programação apresenta uma oportunidade única, pois os desenvolvedores agora podem criar mais instrumentos financeiros capazes de operar ativos digitais de maneira mais fácil e sem restrições, atualizando produtos e instrumentos financeiros no setor financeiro. A tokenização de praticamente tudo, desde empréstimos a obrigações de garantia ou dívida também pode se tornar realidade.

Como as DeFi são aplicadas atualmente?

Ainda que estejamos apenas nos estágios iniciais desse negócio, com o suporte da Blockchain as DeFi já estão criando novas oportunidades a uma velocidade incrível. Confira dois exemplos a seguir:

Plataformas de gerenciamento de crédito e hipotecas estão contando com criptomoedas como garantias, com taxas de juros reguladas pelo próprio mercado, em vez de entidades centralizadas como: governos, cofres públicos ou Bancos Centrais. Contudo, ainda existem riscos de lavagem de dinheiro e /ou esquemas fiscais, de modo que os governos estão trabalhando ativamente no desenvolvimento de projetos regulatórios baseados, por exemplo, em inteligência artificial, IoT ou outras tecnologias exponenciais.

Financiamento de projetos de infraestrutura, imóveis, tecnologia, sustentabilidade e mudanças climáticas através do uso de tokens e contratos inteligentes. Qualquer pessoa pode ser um investidor em projetos globais em larga escala, financiados por meio de instrumentos DeFi.

É preciso observar alguns pontos de alerta

Qualquer nova tecnologia é sempre propensa a desafios que podem inviabilizar sua adoção, e as finanças descentralizadas não são exceção.

Um dos maiores desafios que poderiam impedir que as finanças descentralizadas substituam o sistema financeiro tradicional é o fato de que as pessoas iriam precisar confiar em códigos abertos e não regulamentados.

Observe esse exemplo: em contratos inteligentes, controles de acesso restringem quem tem permissão para invocar determinadas funções. Essas funções normalmente são funções privilegiadas usadas para modificar a configuração do contrato ou gerenciar fundos mantidos no contrato inteligente. Se os controles de acesso forem implementados incorretamente ou se um invasor comprometer uma chave do administrador, ele poderá ter controle total sobre o contrato inteligente, o que pode resultar na perda de quantias substanciais de dinheiro.

A DeFi é uma indústria nova, a tecnologia por trás dela ainda não está plenamente desenvolvida e sempre será propensa a vulnerabilidades que prejudicam a sua reputação. Por esse motivo, a segurança de contratos inteligentes exige muito mais atenção e esforço do que a construção de sistemas financeiros convencionais. Em outras palavras, a DeFi terá que abordar uma série de questões relativas à escalabilidade, segurança, liquidez e regulamentos, para substituir o sistema financeiro atual.

Uma recomendação importante é sempre observar as melhores práticas para segurança ao lidar com DeFi, como:

  • Realizar auditorias de contratos inteligentes;
  • Fazer uso de ferramentas de monitoramento e classificação para ajudar na revisão das informações de segurança sobre protocolos DeFi;
  • Acompanhar as soluções de gerenciamento de riscos e o monitoramento da saúde da rede para resolução de riscos de segurança.

As Finanças Descentralizadas são o futuro

Com a crescente adoção de tecnologias emergentes, como Web3, Blockchain, contratos inteligentes e criptomoedas, o conceito de finanças descentralizadas (DeFi) está ganhando considerável atenção. A DeFi muda radicalmente a maneira como usamos instrumentos financeiros. São tecnologias e negócios como estes que vem possibilitando a transformação digital no setor financeiro. Estar à frente desse movimento garante que empresas se mantenham competitivas no mercado, oferecendo produtos e serviços disruptivos, inovadores e emergentes.


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