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CESAR .
2023-05-05T00:00:00
Tecnologia
Design Thinking: o que é, conheça as etapas e a aplicabilidade
Você já ouviu falar em Design Thinking? Essa metodologia é muito utilizada atualmente por diversas empresas e setores. Se trata de uma abordagem que fomenta processos inovadores, capaz de trazer ótimos resultados independentemente do ramo na qual é aplicada.
Se você ficou curioso e quer amplificar sua visão sobre o design e processos inovativos, continue lendo e venha conferir o texto que preparamos para você. Entenda o que é essa metodologia, seu objetivo, origem, etapas, vantagens, exemplos e muito mais!
O que é Design Thinking?
O Design Thinking se trata de uma forma de abordagem das situações envolvendo o pensamento crítico e ativo. O objetivo principal é organizar as ideias para estimular a tomada de decisões e a busca pelo conhecimento. Não existe uma forma certa para se seguir, mas esse processo cria condições para maximizar a geração de insights.
Essa metodologia valoriza muito a criatividade, empatia e gera ideias para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Além disso, a multidisciplinaridade é um dos pontos positivos do Design Thinking, já que pessoas de diferentes áreas são envolvidas no processo de criação da solução, seja ela um produto ou serviço.
Apesar do design por si só ser constantemente visto como algo artístico, a metodologia na qual estamos nos referindo vai muito além disso. Trata-se de um pensamento projetual, com planejamento, trabalho em equipe, testagens e hipóteses e muito mais. Nesse sentido, as pessoas, usuários e consumidores, são o centro do projeto.
Qual a origem do termo Design Thinking?
O termo era utilizado nos Estados Unidos desde os anos 1970 em diversas áreas, como arquitetura, engenharia e pesquisa acadêmica. Porém, o conceito era mais generalista, se tratando apenas de uma abordagem criativa para solucionar problemas. A essência na qual estamos acostumados hoje surgiu com a atuação de Tom e David Kelley e Tim Brown.
Os irmãos Kelley fundaram em 1991 uma empresa especializada em consultoria de Design Thinking que se tornou famosa mundialmente, a IDEO. Tim Brown é o atual CEO da empresa, e ele foi o responsável por escrever o livro Change by Design, lançado em 2009. A obra fez sucesso internacional e se tornou um best seller.
Apesar disso, a popularização do termo começou em 2006, quando a metodologia foi apresentada no Fórum Econômico Mundial de Davor. Além disso, em 2008, saiu na capa da revista Harvard Business Review, e em 2009 na HSM Management.
Metodologia do Design Thinking
O Design Thinking é um conjunto de métodos e técnicas que direcionam o pensamento para a criação se soluções inovadoras com base nas necessidades, desejos e problemas das pessoas. Todo o processo tem muita empatia, desde as pesquisas, geração de ideias, protótipos e testes.
A inspiração também é um dos pilares que move essa metodologia e, quando falamos nisso, nos referimos a pesquisas, junção de materiais e objetivos para inspiração. A capacidade de criar conexões também está ligada com o conceito, afinal, é necessário colher dados e opiniões, mas é muito importante encontrar um denominador em comum entre os envolvidos para existir um bom propósito.
Por último, podemos ressaltar a importância de aprender com os erros no Design Thinking. Eles são inevitáveis, então, basta evoluir com os mesmos e desenvolver soluções cada vez melhores.
Para saber mais como o Design pode ser chave para a construção de novas ideias, sejam de produtos, serviços ou negócios, baixe o nosso material sobre Design para Descoberta.
Quais os objetivos do Design Thinking?
Conforme citado anteriormente, o principal objetivo da metodologia do Design Thinking é a fomentação, planejamento, desenvolvimento e implantação de processos inovadores. Essas técnicas têm foco nas pessoas, sejam internas de uma organização ou externas, como os clientes.
A aplicação desse conceito cria produtos, serviços ou soluções que inovam, mas que empatizam com os problemas e desejos do público. Tudo é desenvolvido, testado e aprimorado, buscando atingir uma melhor versão sempre. De maneira geral, se trata sobre mudar a forma na qual pensamos para resolver problemas com foco nas pessoas.
Quais são as etapas do Design Thinking?
O Design Thinking possui algumas etapas definidas previamente que são seguidas durante a sua aplicação. Diferentes autores sugerem números diferentes de passos a serem seguidos, alguns afirmam serem três, outros cinco e até mesmo sete. Nesse texto, seguiremos as definições do Instituto de Design Hasso Plattner de Stanford. Veja a seguir:
1. Empatizar
A primeira etapa é a empatia, também chamada de imersão. Trata-se do trabalho feito para compreender as pessoas, dentro do contexto do seu desafio de concepção. É o seu esforço para compreender como realizam as coisas e porque, as suas necessidades físicas e emocionais, como pensam no mundo, e no que é significativo para eles.
Observar o que as pessoas fazem e como interagem com o seu ambiente te dá pistas sobre o que eles pensam e sentem. Também ajuda entender o que elas precisam. Observando as pessoas, é possível captar manifestações físicas das suas experiências.
Isto vai te permitir compreender o significado intangível das experiências. Ou seja, as percepções e pensamentos sobre os fatos, e isso te dará orientações para criar soluções inovadoras.
Após passar pelo trabalho de empatia, está na hora de tirar as conclusões desse trabalho, processar todas as informações adquiridas para entender o panorama do assunto. Esse é o início do próximo passo, o “definir”.
2. Definir
Feito a pesquisa anterior e toda a simpatização, está na hora de definir qual será o problema que será resolvido, ou a oportunidade aproveitada. “Definir” tem tudo a ver com trazer clareza e foco para o projeto.
Essa é a hora de definir o desafio assumido com todas as informações adquiridas no passo anterior. Ou seja, é a etapa voltada para trazer sentido para toda a experiência coletada e reunida. Os dados devem ser analisados da forma mais clara e objetiva possível, permitindo a criação de soluções inteligentes.
Nessa etapa, também é muito comum a criação de personas — personagens fictícios que representam o consumidor ideal daquela solução, produto ou serviço. Essa atitude serve como forma de não perder a humanização do projeto.
3. Idealizar
A ideação está relacionada com o processo de se concentrar na geração de novas ideias. Representa a etapa de expandir horizontes, utilizando as sugestões da equipe multidisciplinar do projeto. A ação de idealizar providencia a fonte de materiais para construir os protótipos e hipóteses.
Para que isso ocorra da melhor forma possível, a equipe deve estar engajada e motivada. Além disso, não pode existir espaço para julgamentos de “boas e más ideias”. A fim de evitar perder todo o potencial de inovação gerado através da ideação, recomendamos um processo de seleção ponderada. Nele, você levará múltiplas ideias para o próximo passo, a prototipagem.
4. Prototipação/prototipagem
Com as ideias claras e previamente definidas, começamos a fase de experimentação. Aqui, as atividades e propostas serão colocadas em prática para testar a viabilidade e funcionamento das mesmas. Isso pode ser feito de diversas formas: de simples anotações no papel, um quadro com vários post-its ou até versões mais simples e baratas do que foi criado.
Criar esses protótipos trazem várias vantagens, como:
- Ajuda a ter conversas direcionadas para o usuário e, assim, ações e soluções mais assertivas;
- Errar de forma barata e rápida. Ou seja, é possível cometer falhas e se recuperar tranquilamente, sem a perda de grandes investimentos;
- Permite o teste de novas possibilidades que podem não ter sido consideradas anteriormente;
- Ajuda a gerenciar o processo da construção das soluções. Ou seja, quebrar um grande problema em pedaços menores para solucioná-los com atenção.
5. Testar
Esse é o momento de conhecer e entender melhor sobre a solução e também sobre o usuário. Durante os testes, são solicitados feedbacks para os usuários sobre os protótipos criados. Essa ação te dá outra oportunidade de ganhar empatia para as pessoas que você está criando.
O teste é outra oportunidade para entender o usuário, mas ao contrário do modo inicial de empatia, você provavelmente fez mais enquadramentos do problema e criou protótipos para testar. Essa etapa ajuda a refinar os protótipos e soluções através da identificação dos pontos de melhoria.
Mas, para isso, as avaliações devem ser rigorosas para trazer resultados reais sobre os recursos criados. Apesar de ser considerada a última etapa do Design Thinking, a metodologia não é linear. Isso significa que sempre é possível retomar os passos anteriores para melhor desenvolver as soluções.
Quais as vantagens que o Design Thinking oferece?
O Design Thinking é uma metodologia ideal para a inovação. Ele te permite compreender melhor seus clientes, o qual está sempre no centro do processo. Continue lendo e venha conhecer as quatro principais vantagens ofertadas pelo método!
– Estimulo constante à empatia
Definimos a empatia como a capacidade de se por no lugar do outro, desejar o mesmo com ele e entender suas frustrações e objetivos. A todo momento, o Design Thinking tem em vista desenvolver suas soluções com uma visão empática, visando resolver os problemas do público.
– Fortalecimento das equipes
O Design Thinking envolve profissionais multidisciplinares de diversas áreas e níveis hierárquicos. Ou seja, existe uma grande integração dos funcionários. O senso de colaboração melhora a qualidade, motivação e desenvolvimento dos mesmos. Isso os fortalece como equipe, sendo positivo para os negócios uma vez que os clientes sentem-se satisfeitos com o trabalho.
– Diminuição da rotatividade interna
Como comentamos anteriormente, essa metodologia fortalece o trabalho em equipe e deixa os colaboradores mais motivados e engajados.
Consequentemente, a rotatividade de funcionários da empresa diminui. Ou seja, acontecem menos desligamentos e novas contratações, além da motivação, o Design Thinking também traz oportunidades de desenvolvimento e chances de crescimento.
– Diversidade de ideias
A metodologia permite a participação de muitas pessoas de diferentes áreas, ou seja, são conhecimentos diferentes. Graças a essa interação, acontecem trocas de ideias muito ricas durante a ideação, criação e desenvolvimento da solução. O grande número de percepções auxilia a organização a atingir seu público-alvo de forma mais certeira.
O que pode ser usado no processo de Design Thinking?
Existem diversas ferramentas que podem ser utlizadas durante o processo do Design Thinking para enriquecer os resultados. Veja quais são:
– Brainstorm
O brainstorm traduzido literalmente significa “tempestade de ideias”. É uma técnica na qual o grupo, sem nenhuma forma de julgamentos, compartilha diversas ideias que podem enriquecer o projeto. Para a realização dela, os participantes conhecem o problema com antecedência, pois assim podem se aprofundar antes da dinâmica de grupo.
É utilizada principalmente nas etapas de definição e ideação, afinal, são os passos que envolvem o desenvolvimento das ideias para depois serem colocadas em prática.
– Feedbacks
Os feedbacks dizem a respeito das avaliações de desempenho do projeto realizado. No Design Thinking, estão muito presentes os processos de empatia e de testes. São nesses momentos nos quais a opinião tanto interna (dos próprios funcionários), quando externa (clientes e público-alvo) são analisadas e utilizadas para a realização de alterações no projeto.
– Mapas mentais
Os mapas mentais são ótimas formas de organizar e desenvolver ideias. O objetivo da utilização dessa técnica é obter uma visão mais clara e completa de todo o processo criativo. Neles, a ideia central é coloca em ponto de destaque e, a partir daí, surgem ramificações e ideias secundárias.
– Análise SWOT
A análise SWOT serve para analisar as forças (strenghs), fraquezas (weaknesses), oportunidades (opportunities) e as ameaças (threats). Essa ferramenta é muito útil durante o desenvolvimento de novos projetos, incluindo no Design Thinking. Ela pode ser utilizada durante a primeira etapa, a imersão ou empatia, pois ajuda a compreender melhor o público.
Qual é o papel do Design Thinking no novo cenário digital?
Conforme os anos passam, cada vez mais a sociedade se desenvolve e novas tecnologias são integradas nos processos produtivos de empresas e no cotidiano das pessoas. Podemos chamar esse novo cenário digital como Era 3.0 e Indústria 4.0. Mas afinal, como o Design Thinking está ligado com isso?
O Design Thinking ajuda a descobrir a viabilidade técnica e a conveniência dos produtos tecnológicos no contexto da resolução de problemas de usuários e negócios. Ele ajuda a desenvolver soluções de adversidades complexas e entender o processo.
Além disso, ele maximiza os resultados por meio das lentes do desejável, viável e executável. Assim como identifica melhor as necessidades do usuário.
Os profissionais que utlizam essa metodologia conseguem analisar todos os processos do desenvolvimento dos projetos sobre um olhar diferente e empático. Essa criatividade humanizada, impulsiona as novas tecnologias e o cenário digital de forma constante.
Confira também nosso post sobre: Inovação: conceito, objetivos e cases de sucesso!
Como aplicar o Design Thinking?
O Design Thinking pode ser aplicado em todos os setores de uma organização. Mas para que seja desenvolvido com qualidade, é necessário um bom ambiente. Ou seja, todas as pessoas participantes devem se sentir confortáveis e seguras no ambiente. Afinal, é um local de muita experimentação e não podem se sentir julgados por suas ideias.
Além disso, é necessário muita pesquisa para o desenvolvimento das ações. O processo inteiro é concebido tendo como base a empatia. Para isso, é necessário conhecer as pessoas, suas opiniões, desejos, comportamentos, costumes e mais. As atividades não devem ser baseadas em achismos, mas sim em dados estatísticos e fatos comprovados.
Exemplos de Design Thinking
Para completar a linha de raciocínio sobre o Design Thinking, vamos analisar alguns casos realizados pelo CESAR no qual a metodologia foi utilizada. Confira:
– CESAR e Kimberly Clark
A parceria entre o CESAR e a Kimberly Clark é um exemplo de case no qual o Design Thinking foi aplicado. Nesse projeto, a empresa procurou o centro de inovação para prototipar e validar hipóteses em relação ao desenvolvimento de uma solução digital relacionada à menstruação.
O processo contou com todas as etapas do Design Thinking: imersão (com workshops de alinhamento e outros), ideação (brainstormings para atender todos os perfis de público encontrados) e hipótese (estudos e validações da aceitação do público).
Ao final do projeto, em 2020, foi entregue o aplicativo conceito. Além do protótipo validado, o CESAR também entregou uma série de ideias que a empresa poderia desenvolver depois.
– CESAR e ISA – CTEEP
Outro exemplo de Design Thinking aplicado é o projeto realizado pelo CESAR com a ISA-CTEEP, no qual a metodologia foi utilizada como uma otimização dos avanços no Centro de Operações e Transmissão (COT) da Companhia. Os designers-pesquisadores do CESAR ficaram imersos no COT para entender o funcionamento das operações.
Feito isso, o CESAR utilizou conceitos do Design para criar as interfaces humano-máquina (IHMs) de
alta performance para uma solução tecnológica de Inteligência Artificial (IA). O objetivo era tornar o trabalho dos operadores mais funcional, intuitivo e menos estressante.
Essa aplicação foi pioneira no setor elétrico brasileiro, ocasionando a indicação do CESAR feita pela ISA-CTEEP, para a competição internacional de Innovation by Design, da Fast Company em Nova York, nos EUA.