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2022-06-06T00:00:00

Tecnologia


Dataficação: a tendência em dados que move negócios milionários

Você provavelmente já ouviu falar na expressão “Data Driven Organizations”, certo? Com o movimento da transformação digital trazido pelo avanço da tecnologia, muitas empresas estão buscando adotar essa estratégia que, em tradução literal, significa “organizações orientadas a dados” e, no sentido prático, representa empresas que tomam decisões com base na análise e interpretação de dados.

Em 2022, novidades no universo da tecnologia e cibersegurança trouxeram destaque a termos que, apesar de já serem aplicados em algumas organizações, ainda podem ser desconhecidos por outras. Um dos conceitos que têm emergido novamente em discussões, especialmente no âmbito da Data Driven, é a “Dataficação”. Neste artigo, convidamos você a conhecer mais a fundo esse fenômeno da Era Digital.

O que é Dataficação?

O termo tem origem na língua inglesa, com a palavra “Datafication” e, de acordo com Mayer Schonberger and Cukier, autores da obra Big Data, diz respeito à transformação de diversos aspectos do mundo concreto e físico em em dados quantificados on-line, permitindo o rastreamento em tempo real, além da aplicação de ferramentas de Analytics (Descritivo, Diagnóstico, Preditivo e Prescritivo).

Esse fenômeno trata-se de coletar informações anteriormente invisíveis digitalmente e transformá-las em dados. Estas informações podem ter como fonte os seres-humanos, animais e a natureza ou, até mesmo, máquinas, objetos, processos e atividades em geral. Após essa conversão, as empresas passam a poder rastreá-los, monitorá-los e otimizá-los, de forma a oferecer novas formas de valor para negócios e para a sociedade.

Qual é a relação entre Dataficação e Cultura Data Driven?

De certa forma, a análise de dados com o objetivo de desbloquear ganhos não realizados sempre existiu, mas não em uma escala tão grande. No entanto, no atual momento de transformação digital que passamos, cada vez mais organizações estão buscando ser orientadas por dados. Considerando esse cenário, é possível entender que o desbloqueio do grande potencial do Analytics e da coleta de dados vem crescendo em razão das oportunidades estratégicas percebidas pelas organizações.

Assim, ainda que os dados coletados não sejam usados imediatamente para as estratégias e processos das empresas, elas também têm a possibilidade de armazená -los e depois decidir mais adiante como serão utilizados.

Fonte: PrompCloud

Fontes comuns para a dataficação dos usuários

Novas tecnologias que passamos a inserir em nossa rotina permitiram muitas maneiras de “datificar” nossas atividades diárias e básicas.  Confira alguns exemplos:

  • Os dispositivos GPS em smartphones, como o Google Maps, que podem rastrear onde estamos em determinados momentos do dia, além da  atividade que estamos fazendo (parados, em deslocamento de automóvel, bicicleta, a pé, etc).
  • Aplicativos de atividade física, como corridas/caminhadas que conseguem monitorar dados como distância, velocidade, pulso, frequência cardíaca, número de passos.
  • Programas que monitoram sono que são capazes de coletar informações como a qualidade do sono, duração e até número de interrupções do sono durante a noite.
  • Aplicativos de compras que monitoram quantidades consumidas em uma família e, a depender das funções, até seus hábitos alimentares.

Todas essas soluções geram dados que facilitam que empresas conheçam seus clientes e, consequentemente, tomem melhores decisões em aspectos como a criação de produtos e estratégia de marketing.

Plataformas como o Instagram, por exemplo, coletam e monitoram informações por meio de dados de uso das pessoas para comercializar produtos e serviços e, até mesmo, criar novos hábitos comportamentais que, por sua vez, também serão monitorados e transformados em dados posteriormente. Assim, a rede social é capaz de definir como o conteúdo é direcionado, em vez de trabalhar com sistemas de recomendações aleatórias.

Para ilustrar: como a Netflix utiliza a Dataficação?

A Netflix é uma serviço de mídia em streaming que opera em mais de 40 países e conta com cerca de 221 milhões de assinantes. Em sua tecnologia de streaming atual, a Netflix é capaz de coletar dados com base no que o usuário  assistiu anteriormente para prever o que assistirá no futuro e pode sugerir títulos escolhidos para eles de forma personalizada. Usando dados em larga escala, a Netflix pode coletar informações sobre quais são os programas e filmes mais populares, quem está assistindo o quê, e é capaz de manter seu conteúdo atrativo e relevante para o que o público deseja ver.

Quais são as vantagens da Dataficação em diferentes indústrias e setores?

A Dataficação é uma estratégia utilizada para fomentar diferentes tipos de negócios e gerar impactos expressivos em sua performance e resultados. Conheça alguns:

  • Seguradoras: aqui os dados permitem uma profunda compreensão do perfil de risco não apenas de indivíduos, como também de modelos de negócios;
  • Setor Financeiro: os dados são utilizados ​​para estabelecer confiabilidade de alguém como mutuário e, consequentemente, a probabilidade de adimplência em serviços como empréstimos;
  • Pesquisa em Ciências Sociais: a Dataficação é capaz de substituir técnicas de amostragem e reestruturar a maneira pela qual a pesquisa em ciências sociais é realizada;
  • Recursos Humanos: em alguns casos, os dados obtidos por telefones celulares, aplicativos ou mídias sociais podem ser usados ​​para identificar funcionários em potencial, suas características específicas e traços de personalidade. É possível ainda que esse tipo de extração e análise de dados substitua os testes de personalidade ou certas perguntas de entrevistas comportamentais, de forma a otimizar o processo de recrutamento e seleção.
  • Gerenciamento de relacionamento com o cliente: por meio dos dados coletados pela dataficação, como idioma falado ou até o tom que uma pessoa usa em e-mails, telefonemas ou mídias sociais,  as empresas são capazes de se aprofundar nas necessidades e desejos dos consumidores.
  • Cidades inteligentes: Os dados coletados podem ser usados ​​em áreas que variam de transporte, gerenciamento de resíduos, logística e setor de energia. Além disso, a produção de dados em tempo real pode permitir que empresas obtenham informações mais detalhadas sobre níveis de poluição, qualidade da água e regulamentos ambientais necessários.
As lâmpadas de rua em Amsterdã foram atualizadas para permitir que os conselhos municipais diminuam as luzes com base no uso de pedestres

Quais cuidados devemos ter com a Dataficação?

O processo de dataficação pode trazer diversos benefícios, conforme foi visto anteriormente, podendo agregar um alto valor às organizações, principalmente com a adição das camadas subsequentes de Analytics e Inteligência Artificial. Porém, existem riscos que devem ser considerados nesse processo.

O risco principal que deve ser mitigado nesse cenário está na segurança das informações. Informações pessoais, aquelas que podem identificar uma pessoa, são protegidas no Brasil pela Lei n° 13.709/2018, conhecida por LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Além disso, o processo de dataficação tende a capturar aspectos importantes das empresas e o acesso de pessoas indesejadas a essas informações pode levar ao vazamento de segredos de negócio.

Outro ponto importante é que as organizações devem garantir a captura de dados de qualidade através de todo o ciclo de vida de seus clientes/usuários, operações, produtos e serviços, assim como garantir que exista uma infraestrutura segura e com controles confiáveis, tendo em vista os objetivos do negócio – o que chamamos de governança dos dados.

Ainda em relação a governança nos processos de dataficação, é preciso observar a disponibilização, usabilidade, consistência e integridade dos dados, além da transparência e ética com as quais os mesmos devem ser capturados e tratados, tudo isso visando ainda maximizar a geração de fontes de receita potenciais a partir dos dados já capturados.

Do ponto de vista de investimento, o processo de dataficação pode ser custoso e os seus ganhos podem vir apenas a médio e longo prazos e/ou serem de difícil relação com os investimentos iniciais feitos.

Por fim, deve-se sempre considerar que a captura de dados e, principalmente, os tratamentos e análises subsequentes podem trazer aspectos que distanciam os mesmos da realidade, adicionando vieses que podem comprometer a qualidade e segurança dos produtos e serviços e ainda impactar gravemente na imagem das empresas. Neste sentido, a diversidade dos times e a realização de experimentos devem ser garantidas com vistas a tratar este risco.

Conclusão

Neste artigo, discutimos sobre como as cadeias de dados estão fornecendo valor para diversos setores do mercado. Esse fenômeno traz consigo novas maneiras de explorar, processar, armazenar e visualizar informações que resultam em novos negócios, produtos e serviços.  À medida que a Dataficação se torna mais comum e impacta mais a vida das pessoas,  o desenvolvimento de novas estruturas para a compreensão está se tornando cada vez mais necessário.

No futuro, a eficácia das estratégias das empresas estará diretamente relacionada à compreensão dos seus clientes por meio de dados. Essas ações podem ajudar a personalizar sua oferta, criar um futuro melhor para sua empresa e para seus clientes e, principalmente, impulsionar a inovação.

Se a sua organização ainda não adotou uma Cultura Data Driven, este é o momento de começar. No CESAR, criamos soluções robustas e escaláveis com software e hardware importantes para a transformação digital do seu negócio.

Este conteúdo contou com a colaboração de João Paulo Magalhães, Consultor em Engenharia de Software e Professor da CESAR School.

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