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CESAR .


2022-05-09T00:00:00

Tecnologia


Blockchain: a tecnologia para a próxima Revolução Financeira

Por Fábio Passos é Engenheiro de Software no CESAR e especialista em finanças.

É possível que quando você ouça alguém falar no termo “Blockchain”, involuntariamente, faça uma ligação à criptomoedas, especificamente Bitcoins, mas essa tecnologia vai além, e talvez, muitos ainda cometem esse engano de associá-las. A missão deste artigo é desmistificar esse universo e apresentar algumas aplicações para essa tecnologia, para que você entenda, de forma clara e objetiva, o que é a Blockchain e o que essa tecnologia habilita quando se pensa na evolução financeira.

O que você encontrará neste artigo?

– O que é Blockchain?
– Quais negócios a tecnologia da Blockchain habilita?
– DeFI – Finanças Descentralizadas
– DAO – Organizações Autônomas Descentralizadas
– dAPP – Aplicativos Descentralizados
– NFT – Tokens Não-Fungíveis
– Web 3.0

O que é Blockchain e o que torna essa tecnologia tão especial?

Imagine que um sistema bancário precise manter o histórico das transações das contas de seus clientes com o simples objetivo de conhecer e informar o saldo. Vamos chamar esses registros de “livros-razão”. As instituições financeiras investem grandes esforços para manter a integridade desses “livros-razão”, porque as transações não podem duplicar ou desaparecer, e os sistemas precisam ser robustos o suficiente para não permitir o conhecido “pagamento duplo”.

Os desafios em manter esses sistemas seguros, escaláveis e íntegros são enormes, pois apesar das inovações tecnológicas, muitos deles ainda convivem com o legado nos famosos mainframes. É aí que entra a Blockchain.

Essa tecnologia resolve de maneira “simples” os principais problemas em manter esses livros-razão íntegros. As transações são armazenadas em blocos (block), que mantém uma relação direta com seu bloco antecessor, ou seja, forma-se uma corrente (chain) de registros, na qual nenhum bloco existe sem seu antecessor.

Eis um exemplo da estrutura dessa corrente:

Blockchain
Fonte: CESAR

Neste momento, você pode estar se perguntando se a entidade “dona” do livro-razão poderia manipulá-lo de maneira a comprometer sua informação. A resposta para esse cenário é não. Na Blockchain, uma cópia do livro-razão é mantida por cada um dos “autorizadores” (também conhecidos como “mineradores”) que validam e autorizam as transações através de um consenso e recebem uma recompensa por esse trabalho. Sendo assim, é praticamente impossível alguém corromper a informação.

Fonte: CESAR e 101Blockchain

O que já era bom, ficou ainda melhor

Em 2015 uma Blockchain chamada Ethereum trouxe o conceito de “Contrato Inteligente”, através do qual é possível definir cláusulas para a transação que, uma vez atendidas, confirmam a transação na rede. Com essa concepção, novas oportunidades surgiram no horizonte.

A partir da possibilidade de ter o livro-razão e os autorizadores descentralizados, podemos ter sistemas funcionando sem que necessariamente seja necessário manter um datacenter ou um servidor específico para essa função.

Para ilustrar com um exemplo: imagine uma rede Blockchain responsável por manter os registros de posse dos imóveis da sua cidade. Nessa rede, para obter os registros as partes envolvidas na transação precisam atender às cláusulas definidas no contrato inteligente. A aprovação dessa transação seria realizada pelo grupo de “autorizadores” da rede.

Que tipos de negócio a tecnologia Blockchain habilita?

A aplicação da Blockchain já saiu da fase de experimentação e agora entra no momento de amadurecimento. Grandes instituições públicas e privadas já estão implementando novos produtos/serviços utilizando esta tecnologia.

Uma vez que a blockchain garante a integridade, descentralização e segurança dos dados e transações,  alguns conceitos de negócio surgem no horizonte, vamos conhecer alguns em maiores detalhes:

DeFI – Decentralized Finance ou Finanças descentralizadas

De maneira geral, os produtos financeiros que conhecemos hoje, como empréstimos, pagamentos e transferências de valores, são oferecidos por uma instituição financeira responsável por garantir as transações entre as partes envolvidas. No contexto de contratos inteligentes e da descentralização trazida pela Blockchain, essas instituições financeiras deixam de ter esse papel de “garantidor”, e as transações podem acontecer ponto-a-ponto, onde um indivíduo qualquer poderia oferecer crédito a outro indivíduo com juros diferenciados ao mercado.

DAO – Decentralized Autonomous Organization ou Organização Autônoma Descentralizada.

Imagine que você teve uma boa ideia e quer buscar financiamento para implementá-la e, como contrapartida, todos que contribuírem terão direito a voto para as tomadas de decisões. Da forma que atualmente conhecemos, esse processo teria alguns obstáculos burocráticos a serem vencidos até ser concretizado.

Com a Blockchain essa burocracia é eliminada, uma vez definidas as cláusulas do contrato inteligente, as regras ficam claras para todos os que desejam participar. Isso permite que qualquer pessoa em qualquer parte do mundo participe e tenha garantido que a organização será controlada democraticamente. Um ótimo exemplo de DAO que já foi implementado é a Krause House, na qual fãs de basquete se uniram com o objetivo de comprar um time da NBA.

dAPPs – Aplicativos Descentralizados

Os dAPPs são aplicativos implementados na Blockchain que, em razão da sua característica descentralizada, não precisam de uma entidade/empresa para garantir o seu funcionamento. Uma vez definidas as regras no contrato inteligente, esse aplicativo funcionaria para “sempre” ou enquanto existisse a rede Blockchain. Esses tipos de aplicativos são autônomos e imunes à censura, o que abre espaço para um amplo debate entre prós e contras.

Um exemplo de como funcionaria um dApp seria a criação de uma espécie de Uber, no qual a transação ocorreria diretamente entre o motorista e o passageiro, eliminando a participação financeira da empresa, pois neste modelo ela deixa de existir.

NFT – Non-Fungible Token ou Token não fungível

A NFT é uma espécie de ativo digital negociado online que representa bens físicos ou digitais, como fotos, vídeos, músicas e itens de jogos. Eles só podem ter um proprietário oficial de cada vez e são protegidos pelo blockchain – ninguém pode modificar o registro de propriedade ou copiar/colar um novo NFT na existência.

O termo ganhou muita notoriedade após Neymar adquirir um NFT de uma obra de arte por R$ 6 milhões.  Esse é um mercado que revoluciona a forma que um artista pode realizar negócio com suas artes e, de olho nisso, já existem plataformas como a OpenSea que facilitam esse tipo de negociação. Como mencionado, NFT também pode ser usado para representar a propriedade de um bem físico exclusivo (como a sua casa) de maneira análoga a uma escritura.

WEB 3.0 e de que forma ela é habilitada.

A Web 3.0 é o conceito que reúne todos os modelos de negócios descritos acima (NFT, dAPP, DAO, Defi, entre outros). Com a descentralização permitida pela Blockchain, novos serviços e produtos podem ser oferecidos de maneira direta entre os negociantes, sem necessidade de uma empresa para intermediar o negócio, assim, tem-se que o conceito de Web 3.0 é habilitado pela prévia existência da Blockchain.

Como os serviços operam na Web 3.0 por meio da blockchain?

Há alguns exemplos que ilustram como a Blockchain influencia na usabilidade de diferentes serviços, vejamos:

  • Uma rede social implementada na Blockchain, por exemplo, utilizaria os mesmos recursos computacionais da rede, sem necessitar de investimentos em servidores para prover o seu funcionamento. Nessa rede social, os indivíduos teriam sua privacidade garantida e isso, quando expandido, muda a forma que as empresas farão negócio.
  • Empresas que atuam com venda de anúncios e comportamento dos seus usuários (como Twitter e Facebook), lucram com o conteúdo criado por eles. Em uma rede social na Blockchain o usuário é quem escolheria ver um anúncio ou revelar algum dado seu, tendo como contrapartida um valor que seria creditado diretamente na sua carteira virtual.
  • Empresas de serviços computacionais (Cloud), como Google e AWS, poderiam ter perda de receita já que os criadores de aplicativos não iriam mais necessitar contratar servidores para hospedar suas aplicações.

Uma boa forma de observar os diversos tipos de soluções que utilizam os conceitos habilitados pela Blockchain é por meio do site dAppRadar.

Conclusão

Assim, percebe-se que a principal ideia por trás da Web 3.0, é que o poder passará a estar na mão do usuário, não necessitando mais de empresas para intermediar transações. Esses modelos de negócio estão se expandindo e amadurecendo muito rápido, e pra muitos já é uma realidade.


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