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CESAR .


2022-05-10T00:00:00

Design


Como o Design Thinking pode moldar o futuro da Indústria 4.0?

Estamos em um novo momento de Revolução Industrial e ela está mudando a forma como as empresas pensam e projetam sistemas, máquinas, equipamentos e seus modelos de negócios. Essa nova era é comumente chamada de Indústria 4.0 e tem sido impulsionada pelas tecnologias habilitadoras, sendo um fator-chave para a transformação digital. Pensando nessa mudança, os fabricantes que adotam os princípios do Design Thinking estão na frente da corrida quando o assunto é obter benefícios estratégicos, como reduzir os ciclos de desenvolvimento de produtos, prolongar a durabilidade e se concentrar mais intensamente na qualidade e usabilidade das soluções trazendo o usuário para o centro.

Mas, além da produção eficiente em fábricas inteligentes, o Design Thinking também contribui para garantir que os humanos que trabalham ao lado das máquinas tenham uma vida profissional mais criativa e estimulante. Neste artigo, explicamos como o Design Thinking está diretamente relacionado ao futuro da Quarta Revolução Industrial.

O que é Design Thinking?

O Design Thinking existe para criar produtos centrados na experiência do ser humano. Ele se caracteriza como o processo avançado de solução de problemas que busca descobrir e atender às necessidades do cliente em um nível humano mais profundo. Envolve a intersecção entre o viável, desejável e praticável, o desenvolvimento de empatia para as dores do usuário e metodologias de pesquisa, ideação, experimentação e prototipagem. De acordo com uma pesquisa da Forbes Insights em 2017, 39% das empresas analisadas adotaram os principais preceitos do design thinking e observaram uma ligação direta com o crescimento organizacional.

A Indústria 4.0 traz consigo tecnologias que buscam assumir funções operacionais e acessórias, para que os trabalhadores  possam concentrar toda a sua capacidade intelectual na proposição de melhores soluções. Por isso, pode-se considerar que a conexão do Design Thinking com a Indústria 4.0 é a elevação dos seres humanos ao auge da cadeia de valor.

A relação dos designers com a tecnologia

Os princípios da Indústria 4.0 estão alterando fundamentalmente as interações entre humanos e máquinas. Na Quarta Revolução Industrial, os sistemas cooperam entre si e com os humanos ao seu redor, a partir da descentralização e distribuição da lógica de inteligência e controle por esses sistemas físicos cibernéticos. Essa mudança causa um profundo impacto nas tendências de pensamento do design, e leva os designers industriais a considerar não apenas como os humanos se conectam com máquinas, mas também como as máquinas sincronizam com outras máquinas.

Os ecossistemas de fabricação da Indústria 4.0 são fortemente orientados a dados, pois tentam medir com precisão os sistemas para capacitar uma melhor produtividade, especialmente com a IoT industrial. Nesse sentido, o Design Thinking ajuda a descobrir a viabilidade técnica e a conveniência dos produtos no contexto da solução de problemas de usuários e negócios.

Como os métodos do Design Thinking contribuem para o desenvolvimento de produtos na  Indústria 4.0

Para melhorar a eficiência da Indústria 4.0, a abordagem do Design Thinking é especialmente útil para abordar problemas complexos de desenvolvimento de produtos desconhecidos ou não definidos. Ele incentiva o estudo profundo das necessidades humanas e a reformulação de desafios com melhor pesquisa, ideação,  prototipagem e teste. Para ilustrar, considere a abordagem de 4 etapas formulada por professores da Kellogg School of Management da Northwestern University. A metodologia criada se concentra em como observar e reformular um problema, depois projetar e testar uma solução para melhorar a experiência do usuário. As etapas são:

  • Aprimorar a forma de observar problemas: Fazer inferências com base em informações limitadas para encontrar padrões que possam ser aproveitados.
  • Fazer perguntas únicas: Reformular perguntas para descobrir as motivações por trás do porquê e (não “como”) uma pessoa usa um produto.
  • Praticar o brainstorm: Concentrar-se na quantidade versus qualidade, desenvolvendo as ideias ainda que incomuns, evitando críticas para que as sugestões fluam livremente.

Aceitar a falha: Quanto mais rápido ela acontecer, mais cedo haverá o aprendizado e o aprimoramento do produto. A repetição desse ciclo é uma maneira de encontrar soluções criativas ao longo do tempo.

Benefícios do Design Thinking para a Indústria 4.0

Como mencionado, o Design Thinking conversa muito bem com a área de desenvolvimento de produtos dentro da Indústria 4.0. Isso se dá porque os clientes não buscam apenas produtos com boa estética, mas também inovadores e de uso intuitivo. Ao utilizar abordagem do Design Thinking para pesquisar e identificar os verdadeiros requisitos e necessidades do usuário, é possível minimizar o desencontro de informações e a complexidade inerentes à construção de produtos complexos. Isso representa:

  • Uso eficiente recursos;
  • Custos mais baixos de research and development (R&D);
  • Manutenção de máquinas facilitada;
  • Menor custo final dos produtos;
  • Intervalo mais rápido para comercialização.

Um case muito interessante sobre a influência do Design Thinking na Indústria 4.0 é o projeto realizado pelo CESAR com a ISA-CTEEP, por meio do qual o Design foi utilizado como um modo de potencializar os avanços no Centro de Operações e Transmissão (COT) da Companhia. Os designers-pesquisadores do CESAR ficaram imersos no COT com o objetivo de entender o funcionamento da operação em tempo real, níveis de usuários e conhecimentos tácitos que influenciam nas decisões e tecnologias utilizadas. A partir disso, o CESAR desenvolveu uma solução que tornasse o trabalho dos operadores mais funcional, intuitivo e menos estressante. Uma das propostas mais inovadoras em nível de alta performance e design de Interação Humano-Máquina (IHMs) do Setor elétrico brasileiro.

As principais contribuições do Design Thinking para  a Indústria 4.0

Interoperabilidade: O Design Thinking atua também na unificação e padronização de interfaces dos dispositivos e máquinas necessários para que os sistemas de produção de uma fábrica possam comunicar e compartilhar informações entre si. Se a interoperabilidade for bem projetada, poderá desbloquear o poder de usar dados em tempo real para tomar decisões melhores e mais rápidas, tanto para máquinas quanto para humanos. Sem interoperabilidade, os dados podem permanecer presos em sistemas isolados e de difícil acesso, assim  as organizações não poderão fazer um bom uso deles.

Modularidade: Nesta nova era da indústria, os designers têm a tarefa de criar sistemas modulares onde as peças podem ser atualizadas sem precisar substituir toda a configuração ou, até mesmo, adicionar e remover os recursos conforme as necessidades atuais. Isto permite atualização dos processos industriais, visando uma melhor eficiência na produção e controle de qualidade dos produtos.

Virtualização: Para este conceito conhecido como gêmeo digital, os designers precisam criar cópias virtuais de uma fábrica ou planta inteligente que simula um ambiente do mundo real que pode ser testado para solução de problemas. Além de precisarem criar réplicas detalhadas e complexas do mundo físico, os designers também devem garantir que os gêmeos digitais sejam focados no cliente, sem gerar frustração e sem dificuldade para entender ou operar.

Conclusão

As equipes que abraçam os princípios do Design Thinking aprendem a entender o processo e tentar maximizar os resultados através das lentes do desejável, viável e executável, assim como identificar melhor as necessidades do usuário. A partir daí, eles podem se concentrar na pesquisa, ideação e prototipagem de produtos que atendem às necessidades dos consumidores e, principalmente, suas motivações. Os profissionais que utilizam a abordagem de Design Thinking analisam os problemas de fabricação e desenvolvimento por meio de uma lente diferente, e essa criatividade é o que está constantemente impulsionando a nova Era da Indústria.

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